Ler é ser os outros.

Chegamos a mais um mês do orgulho LGBTQIA+. Um mês especial na agenda de tantos de nós que defendemos o pluralismo, a diversidade, a diferença e os direitos humanos. Um mês que é por si simbólico da luta em torno dos direitos de igualdade e não discriminação e que se insere num ano também especial: o ano em que se assinala o cinquentenário do 25 de abril de 1974.

Foram várias as vozes que se ergueram contra os direitos das minorias sexuais naquela que foi a transição democrática. Continuam ser muitas as vozes que se levantam para repudiar o caminho legal e social que temos trilhado nestes últimos 50 anos. Apologistas da “ideologia de género”, conservadores “pró-vida”, anti-feministas, facções fascistas tendem a ganhar expressão nos últimos tempos. Também os livros são alvo da sua aversão e pudor.

De forma a assinalar um mês que faz parte da História LGBTQIA+ selecionamos um conjunto de obras diversas que nos mostram a diversidade de formas de ser, estar, sentir, de amar. Esperemos que gostem!

De memória: Histórias das lutas feministas e LGBTQIA+ em Portugal

Coord. Rita Aires, Teresa Teixeira, Rita Grave

Nada é mais importante para viver bem o futuro do que conhecer o nosso passado. Fazer e ter memória é essencial para avançar. Esta publicação é uma proposta aberta, em constante construção e (des)atualização. Uma publicação que se compõe por eventos e momentos, mas sobretudo de memórias coletivas das gentes que estiveram presentes, que impulsionaram, que saíram à rua, que deram de si por um futuro melhor. 

Com os contributos de Manuela Tavares, Fabíola Cardoso, Sérgio Vitorino, Eduarda Santos, Miguel Vale de Almeida e António Fernando Cascais.

ISBN: 9789893328118 Editor: Gentopia – Associação para a Diversidade e Igualdade de Género Páginas: 155

Manifesto pelas Identidades e Famílias: Portugal Plural

João Costa

Os movimentos conservadores reemergiram em Portugal, para defenderem, explícita e implicitamente, retrocessos civilizacionais em matérias como os direitos das mulheres e a constituição de famílias. Este livro é um Manifesto de defesa da liberdade, da diversidade e dos direitos fundamentais, contra tais movimentos. Aqui se desvendam as falácias do suposto ataque à “família tradicional”, sustentadas pelo medo da diferença, pelo mau uso dos valores do cristianismo e pelo regresso a um silenciamento que oprime os que mais lutaram pelos seus direitos. João Costa, o autor deste Manifesto, propõe a descoberta e valorização de todos os cidadãos através da educação e da arte, com vista à criação de uma cultura de defesa de todas as vidas – a única via para construir um Portugal verdadeiramente plural e, por conseguinte mais evoluído, mais rico e mais forte.

ISBN: 978-989-740-325-5 Editor: Ideias de Ler Páginas: 124

Obscénica Textos Eróticos & Satíricos

Hilda Hilst e André da Loba

Ó, as mulheres! Que sensíveis e doces, que lúdicas ladinas imaginosas e torpes! Mulheres! Fiquei amante de Clódia, a «leoa dos plátanos». Eu a chamava assim porque me parecia ser esse o seu verdadeiro nome. Os plátanos vão por conta da sonoridade da palavra. Chamava-a também de «putíssima amada», mais cabível ainda.

Hilda Hilst é, juntamente com Clarice Lispector, uma das maiores escritoras brasileiras do século XX. Autora de uma obra eclética, que inclui ficção, poesia, crónicas e teatro, permanece enigmaticamente quase desconhecida em Portugal. De 1990 a 1992, Hilst decidiu «alegrar-se um pouco» escrevendo textos eróticos e satíricos, convencida de que «o erótico é uma santidade».

Esta antologia reúne alguns desses textos ditos obscenos, sarcásticos e grotescos, que surgem agora acompanhados pelas ilustrações de André da Loba, colaborador assíduo do New York Times e considerado um dos 200 melhores ilustradores do mundo.

Booktrailer

ISBN: 9789898327383 Editor: Orfeu Negro Páginas: 96

Antologia do Conto Erótico Brasileiro

Coord. ELIANE ROBERT MORAES

DE MACHADO DE ASSIS A SÉRGIO SANT’ANNA, PASSANDO POR HILDA HILST: ESTA É A MAIS COMPLETA ANTOLOGIA EM PORTUGAL DOS CONTOS ERÓTICOS QUE MARCAM A LITERATURA BRASILEIRA.

Ao percorrer as prosas breves de escritores tão distintos como Machado de Assis, Júlia Lopes de Almeida, Lima Barreto, Mário de Andrade, João do Rio, Graciliano Ramos, Hilda Hilst, Dalton Trevisan, Sérgio Sant’Anna, Silviano Santiago, Ana Miranda, Reinaldo Moraes ou Amara Moira, impõe‑se uma conclusão: o corpo erótico só se revela na qualidade de incógnita.

Assim, esta Antologia do Conto Erótico Brasileiro, organizada por Eliane Robert Moraes, reunindo 59 textos escritos entre 1886 e 2023, é menos uma reunião de saberes sobre a sexualidade do que um conjunto de interrogações ao fundo opaco da matéria erótica. Se a promessa de tudo dizer repousa no horizonte de cada um dos contos deste volume — seja pela alusão ou quando se expõe o corpo sem mais —, é sobretudo como traço espectral da ficção sexual que ela se afirma. Vale dizer: como pura fantasia.

«Ainda que o erotismo seja um objeto privilegiado dos discursos que prometem dizer e mostrar tudo, nenhuma verdade consegue se sustentar em domínio tão penumbroso. Não há luz que esgote a densidade dessa estranha noite, assim como não há expressões adequadas para nomeá‑la, como dão prova certos termos esquivos praticados na língua portuguesa falada no Brasil, como ‘aquilo’, ‘troço’, ‘treco’, ‘negócio’ e, sobretudo, ‘coisa’. Sendo uma palavra que pode dizer tudo e não dizer nada, ‘coisa’ se credencia como o significante perfeito daquilo que constitui um saber negativo, limitado exclusivamente ao que não se sabe. Uma vez integrada a um determinado vocabulário erótico, porém, ela adquire uma curiosa positividade, que decorre mais da oscilação de sentidos do que de sua afirmativa.»

— Eliane Robert Moraes

ISBN: 978‑989‑671‑835-0 Editor: Tinta da China Páginas: 408

Corpos que Contam: Os Limites Discursivos do “Sexo”

Judith Butler

Obra fulcral na renovação dos estudos de género, CORPOS QUE CONTAM propõe uma abrangente reformulação crítica em torno da materialidade dos corpos. Aprofundando a reflexão iniciada em Problemas de Género, Judith Butler demonstra como operam as relações de poder na formação do «sexo» e da sua «materialidade», e clarifica a noção de performatividade, não como «acto» singular ou deliberado, mas prática na qual o discurso produz os efeitos que nomeia. A partir de leituras de diversas tradições escritas, da filosofia à psicanálise, da literatura ao filme documental, da teoria política e sexual à democracia radical, Butler investiga o funcionamento da hegemonia heterossexual no forjar de matérias sexuais e políticas, esbatendo decisivamente as fronteiras entre a teoria queer e o feminismo.

ISBN:  9789899071711 Editor: Orfeu Negro Páginas: 392

Problemas de Género: Feminismo e Subversão da Identidade

Judith Butler

Vinte e sete anos após a sua publicação original, Gender Trouble está finalmente disponível em Portugal. Trata-se de um dos textos mais importantes da teoria feminista, dos estudos de género e da teoria queer. Ao definir o conceito de género como performatividade – isto é, como algo que se constrói e que é, em última análise, uma performance – PROBLEMAS DE GÉNERO repensou conceitos do feminismo e lançou os alicerces para a teoria queer, revolucionando a linguagem dos activismos.

ISBN: 9789898868091 Editor: Orfeu Negro Páginas: 320

Mr. Loverman

Bernardine Evaristo / Tradução: Miguel Romeira

Natural da ilha de Antígua, Barrington Jedidiah Walker emigrou para o Reino Unido nos anos 1960, onde prosperou financeiramente. Bem cuidado e bem vestido, com citações de Shakespeare na ponta da língua e um observador astuto da condição humana, Barry é um gentleman das Caraíbas que aprecia uma boa pândega.

É casado há 50 anos com Carmel, tem duas filhas e um neto — e mantém, em segredo, uma relação amorosa com Morris de la Roux, seu companheiro e amigo desde os tempos de juventude. Aos 74 anos, enfrenta uma crise existencial, constatando ter chegado o momento de assumir a sua homossexualidade e pedir o divórcio. Porém, após uma vida de medos, perseguições e mentiras, a coragem fraqueja dia após dia e a sua última oportunidade para ser feliz parece fugir-lhe das mãos…

Mr. Loverman é um romance cheio de ritmo, humor e subversão, no qual a vencedora do Booker Prize, Bernardine Evaristo, lança um novo olhar sobre a sociedade multiétnica ocidental, destruindo mitos e falácias culturais e expondo preconceitos há muito enraizados.

ISBN: 9789896234621 Editor: Elsinore Páginas: 336

A Doença como Metáfora

seguido de A Sida e as suas Metáforas

Susan Sontag

Em 1978, quando convalescia de cancro, Susan Sontag escreveu A Doença como Metáfora, um notável ensaio sobre a utilização alegórica e culpabilizante da doença na nossa cultura. Tornou-se num clássico que a revista Newsweek considerou «um dos livros mais libertadores do seu tempo».

Neste livro, Susan Sontag defende que a maneira mais autêntica de enfrentar a doença – e a mais saudável de estar doente – é resistir a esse «pensamento metafórico» e alegórico. Ao desmistificar essas fantasias, Sontag mostra o que a doença não é: nem maldição, nem castigo, nem um sinal de culpa.

Um ensaio que continua a ter uma enorme influência no pensamento dos profissionais médicos e, acima de tudo, na vida de muitos milhares de pacientes e cuidadores.
Em 1989, em A Sida e as Suas Metáforas, Sontag retoma este tema e desenvolve-o no contexto da crise da sida, na altura, uma doença nova.

ISBN: 9789897228902 Editor: Quetzal Páginas: 208

A Força da Não-Violência

Judith Butler

Para a principal teórica da corrente feminista hoje dominante, a não-violência é vista como uma prática passiva que emana de uma região serena da alma, quando, na verdade, é uma posição ética dentro do espetro do campo político.
A luta através da não-violência é travada por movimentos de transformação social que reconhecem que a interdependência da vida está na base de qualquer igualdade política ou social.

ISBN: 9789724423968 Editor: Edições 70 Páginas: 224

Blue Kida

Aurora

Sou queer, trans, não-binária e punk. Sou euforia de género, chameleon e carpa mutante. Sou as sereias que vêm sempre à margem chorar. É fodido sobreviver enquanto carpa sexual nas suas mais pluri-multi-meta transdimensões. Este livro deleita todos os traumas e violências enquanto carpa dissidente.

Artista multidisciplinar, AURORA é performer/bailarina, música/produtora, actriz e modelo.

Ao longo do seu percurso artístico, desenvolveu os projectos «AL13NS ANTL3RS» (Lisboa), «NYMPHO MANIAC» (Bélgica, Noruega, Portugal), «AURORA DE AREIA» (Lisboa, Porto, Montemor), «HETEROPTERA» (Lisboa, Porto), «VELVET N’ GOLDMINE» (Lisboa, Porto, Santa Maria da Feira).

Na área da música, editou «UND3RW0RLD» (LP), «X V. AME3» (EP), «FLESH AGAINST FLESH» (LP) e «UTERUS» (EP).

Em 2018, estreou a curta-metragem «AURORA» em colaboração com Carlota Flor (Estados Unidos, Inglaterra, Portugal) e, em 2019, lançou o livro «APOCALYPSE» pela editora Sapata Press (Portugal, Brasil).

Em 2022, protagonizou o filme «Uma Rapariga Imaterial» de André Godinho e, em 2020, a série «Secreto Lx» de Patrick D’Orlando. O seu primeiro filme foi «Ela É Uma Música» de Francisca Marvão (2019), e também colaborou na série «Meu Sangue de Tota Alves (2019).

Em 2013, terminou o curso de dança contemporânea no Balleteatro (Porto).

Revisão de André e. Teodósio e José Maria Vieira Mendes.

Com o Teatro Praga (colecção «Série»).

ISBN: 9789899831155 Editor:Sistema Solar Páginas: 76

Confissões de Um Travesti

Anónimo e João Maio Pinto

Tenho quarenta e três anos, sou casado e pai de família. (…) Nem sempre vivi fascinado pela roupa feminina. Durante muitos anos, até ao meu casamento, eram só as cuecas delas que me atraíam. Embora ainda não tivesse chegado, talvez, a altura de vestir toda a toilette de uma mulher, esse desejo crescia já em mim e esperava a ocasião para se manifestar.

CONFISSÕES DE UM TRAVESTI apareceu pela primeira vez em 1956 na colecção «Les grandes études françaises de psychiatrie», como primeiro volume da série. As memórias deste homem anónimo contam-nos do seu fascínio por lingerie feminina e da prática do travestismo no início do século XX. As ilustrações de João Maio Pinto complementam a detalhada narrativa com um imaginário irreverente e destemido.

ISBN: 9789898868459 Editor: Orfeu Negro Páginas: 96

Terceiro Género. Possibilidades de reconhecimento legal em Portugal

Mariana de Oliveira Rodrigues

Na presente obra, Mariana de Oliveira Rodrigues analisa a possibilidade de reconhecimento legal do terceiro género em Portugal, categoria jurídica alternativa ao F e M que serviria todos aqueles cuja identidade de género é não binária.

Como a própria denominação indica, a categoria “terceiro género” (e não “terceiro sexo”) baseia-se na autodeterminação do indivíduo, independentemente das suas características sexuais.

Considerando a marginalização e discriminação experienciadas pelas pessoas trans não binárias, e sendo a identidade e expressão de género duas manifestações do direito à identidade pessoal e, consequentemente, da dignidade da pessoa humana,  a autora analisa como poderá o Direito português dar resposta a este problema.

Embora a Lei n.º 38/2018, de 7 de agosto, tenha estabelecido no ordenamento jurídico português o direito à autodeterminação da identidade e expressão de género e a proteção das características sexuais de cada pessoa, o direito português permanece marcadamente binário e dicotómico, tratando estas questões de forma confusa mediante uma utilização de conceitos pouco rigorosa.

Através da análise dos princípios constitucionais relevantes nesta matéria, de normas de Direito Internacional e Europeu, Mariana de Oliveira Rodrigues procurar entender de que forma o reconhecimento legal do terceiro género é possível em Portugal.

ISBN:  9789895281893 Editor: Lisbon International Press Páginas: 118

Boas Leituras!


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