União de Resistentes Antifascistas Portugueses

“Tudo era feito com o objectivo de quebrar a firmeza das presas ea sol dez das suas convicções democráticas e para que denunciassem os seus companheiros de ideias e de luta : desde espancamentos e outras agressões físicas e psicológicas praticadas por grupos de agentes que se revezavam, até à tortura da «estátua» proibindo as presas de se sentarem e obrigando-as a estarem de pé e com os braços pela altura dos ombros e à tortura do sono (proibição de dormir por períodos que chegaram a muitos dias e noites) que, a partir de certa altura, provocavam alucinações visuais e auditivas.”

ELAS estivera nas prisões do fascismo (URAP, 2021)

As mulheres no Estado Novo não podiam votar em pé de igualdade. Não podiam sair do país sem autorização do marido. Não podiam ser magistradas nem diplomatas. Não podiam ser professoras, hospedeiras, enfermeiras se fossem casadas. Se a ditadura era limitativa para todos, para as mulheres, em particular, era um regime que as reduzia à condição de mães e donas de casa.

O Estado Novo foi o regime político autoritário, autocrata e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos ininterruptos, desde a aprovação da Constituição de 1933 até ao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974. Elas estiveram nas prisões do fascismo é uma obra que celebra a Revolução de Abril de 1974. Uma obra que celebra os anos em democracia depois de uma ditadura fascista que durou quase meio século, em que as mulheres foram aprisionadas numa condição inferior, remetidas ao lar, ao analfabetismo, a condições de trabalho indignas, privadas de direitos sociais e políticos. Uma obra que reflete os percursos de resistência e luta das mulheres durante o fascismo, nomeadamente o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP)(1914-1947) e a Associação Portuguesa Feminina para a Paz (APFP) (1936 – 1952), ambas encerradas compulsivamente pelo regime de Salazar.

Foram muitas as mulheres que se destacaram em tais movimentos, como Maria Isabel Aboim Inglês; Maria Lamas; Virgínia de Moura; Cesina Bermudez; Margarida Malvar; Silvina Augusta d’Almeida; Maria de Jesus Barroso; Etelvina Lopes de Almeida; Joana de Morais Sarmento de Barros Batista; Sophia de Mello Breyner Andersen; Maria Regina Carvalheiro; Ana Maria Alves; Maria Odete Oliveira Santos; Mariana de Melo Cabral Marques; Olga Lima; Graça Sampaio, entre muitas outras.

Na Cadeia Política do Aljube; na Prisão Política na Fortaleza de Angra do Heroísmo; em Caxias; na Delegação da Pide em Coimbra; na Cadeia das Mónicas; na sede da PIDE de Lisboa, na Rua António Maria Cardoso; ou no Porto, no Edifício do Heroísmo, elas foram alvo de interrogatórios, de violência e tortura. Neste livro encontramos uma lista de 1755 mulheres que, na luta pela democracia, pela igualdade e justiça social, pelos direitos humanos, foram presas pelo regime.

Um livro cheio de acontecimentos, estórias individuais, pequenas/grandes lutas que o tempo se encarregou de ir apagando as protagonistas e os seus testemunho de participação ativa, persistente e corajosa para a revolução quase sem sangue de Abril.

Editor: Edições URAP Páginas: 323


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